Crónicas de uma Aventureira do Brasil: Outras experiências vs Create

Estou a morar e a trabalhar em Lisboa faz pouco mais de 6 meses, sendo eu brasileira, vinda de Brasília onde os cenários profissionais geralmente exigem imenso por sempre haver alguma ligação com o Governo Federal, faço algumas comparações entre o lado de lá e o lado de cá do Atlântico.
Na década de 80 começámos a preocupar-nos com a melhoria dos ambientes de trabalho, mas nessa altura tratava-se muito mais de questões de ergonomia e conforto laboral do que propriamente do reflexo do stress e frustrações profissionais na vida pessoal dos colaboradores.
A partir do ano 2000 o discurso muda, e a qualidade de vida ficou em alta, no Top 10 dos assuntos profissionais. Contudo, muito mais se criam teorias do que se põe algo efetivamente em prática.
A velocidade da vida, profissional e pessoal, exige cada vez mais esforço para nos mantermos competitivos e aptos a crescer (sobretudo financeiramente) nas nossas carreiras.
E então? Como conciliar crescimento profissional com realização pessoal?
As empresas precisam de recursos que potenciem a produtividade e nem sempre levam em consideração a condição “humana” desses recursos. As pessoas são falíveis, temperamentais, têm dias bons e maus. Nesse contexto, quando se contrata um recurso, descarta-se as condições humanas e foca-se nas qualificações profissionais.
E o que acontece? As pessoas são contratadas pelas suas qualificações intelectuais/profissionais e são descartadas pela sua personalidade e “vida pessoal”.
Já assisti algumas vezes, em processos de contratação, alguém ser descartado por ter “filhos demais” ou filhos pequenos, por isso ser um fator de repetidas ausências no trabalho. Ou uma pessoa com muita experiência ser descartada por ter mais de 40 anos e pressuporem que não se sujeitaria a horas extraordinárias, como alguém mais jovem que quer provar o seu valor.
Apesar da histórica colonização do Brasil por Portugal, culturalmente somos diferentes e isso reflete-se também no aspeto profissional. Assim faço a comparação, especificamente entre a Create IT e as empresas de IT em que trabalhei ou tive contacto direto no Brasil:
Ambiente físico empresarial
Nesse ponto estamos bem alinhados, os ambientes de trabalho são na maioria dos casos agradáveis e confortáveis.
Hierarquias
Brasil: As hierarquias são bem definidas e exigem um distanciamento entre Gestores e Altos Executivos do que se chama (nada) carinhosamente do “chão de fábrica” (colaboradores sem nível de gestão ou liderança).
Create IT: As hierarquias existem, mas não dividem nem criam distâncias. Todos são equipa e têm liberdade de manter um relacionamento de companheirismo e amizade.
Clima Organizacional
Brasil: Enquanto colaboradores, tentamos manter um bom relacionamento. Almoços e Happy Hours acontecem às vezes, pois geralmente o ritmo de trabalho é muito intenso e nem sempre é bem visto pelos Gestores darmos uma folga para descontrair quando podemos adiantar mais tarefas nesse tempo.
Create IT: O bom relacionamento é incentivado desde o primeiro dia. As pessoas são recetivas e encaixam momentos de descontração para amenizar um ritmo de trabalho que pode ser intenso. Prioriza-se não ter um ritmo tão intenso de trabalho, mas às vezes é inevitável. Contamos com um “4Fun” para trazer atividades divertidas para todos como encontros, passeios, etc…
Ritmo de trabalho
Brasil: O mais comum de se ouvir é “isso é para ontem!”. Não importa quem deu o prazo, quem vai fazer tem que dar um jeito de entregar e isso implica entregas muitas vezes com baixa qualidade e milhares de horas extraordinárias (fins de semana, feriados e noites). A definição dos prazos geralmente não conta com a participação da equipa, mas sim com as condições que o cliente impõe.
Create IT: Preza-se um ritmo de trabalho saudável: 8 horas por dia sem trabalho aos fins de semana ou feriados (e ainda temos pontes). A definição de prazos, sempre que possível, é feita com a participação da equipa e discutida com o cliente (o cliente não tem sempre razão neste caso).
Formações e Qualificações
Brasil: Formações e qualificações são pagas pelo colaborador. Se a empresa tiver interesse que um colaborador adquira uma certificação, ele pode pagá-la e se for bem-sucedido no exame será reembolsado (às vezes parcialmente). No geral não se tem um incentivo direto às capacitações.
Create IT: As formações e qualificações são solicitadas pelo colaborador e são avaliadas no orçamento anual. Quando possível, são incluídas no orçamento do ano e pagas pela empresa. Ou são adiadas para o ano seguinte. Quando a formação/qualificação não possui custos pode ser feita e incluída nas horas anuais disponíveis para esta finalidade (plano Wallace), o que não compromete o salário devido às faltas ao trabalho.
Contratações
Brasil: Os Gestores avaliam e contratam um novo membro para a equipa pelas suas competências e a equipa deve adaptar-se à presença desta pessoa.
Create IT: Depois do processo de avaliação do candidato pelos Gestores, se ele for considerado apto ao cargo, é agendada uma apresentação pessoal à equipa onde vai falar tanto do percurso profissional como do perfil pessoal. Depois dessa apresentação, a equipa dá feedback ao Gestor se quer ou não esta pessoa na equipa. Ou seja, trabalhamos com pessoas com um perfil que nos é familiar.
Vida Pessoal
Brasil: Às vezes é preciso resolver coisas em horário laboral e temos que perder parte do dia ou mesmo um dia inteiro. Nesse caso, as horas são contabilizadas e devem ser compensadas noutros dias. Como geralmente já temos milhares de horas extraordinárias contabilizadas, faz-se o saldo entre as horas a compensar e as horas extras.
Create IT: A melhor expressão que já vi: “Pantufas de Ouro”. Ou seja, oportunidade de trabalhar remotamente quando é preciso conciliar algo da vida pessoal (ir à reunião na escola do filho, esperar uma entrega em casa etc…). Claro que há que justificar o porquê da ausência, mas não há cobrança em relação a isso. Nesse caso, também há a questão da consciência e honestidade da equipa em não fazer disso uma prática recorrente, mas dá a flexibilidade de conciliar a vida pessoal com a profissional.
No geral, o que acredito que deva existir no mundo profissional é, além de procurar o profit, é ser pro-fit: promover o encaixe entre a vida pessoal e profissional, tendo-se em conta que falamos e tratamos de pessoas e não máquinas de produção.
Respeitar o tempo, a personalidade, os desejos, os sonhos e os planos individuais de cada um e fazer disso um propulsor para que dê o seu melhor contributo para o crescimento da empresa, trazendo a realização profissional a partir da satisfação pessoal.
Por mais empresas como a Create IT onde podemos create it.